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Soledade

Mais uma Quaresma às nossas portas! Tomando nossas cruzes pessoais e sociais, caminhamos, esperançosos e confiantes, à sombra da Santa Cruz Redentora de Nosso Senhor dos Passos rumo à feliz Ressurreição. Ao nosso lado, nessa peregrinação, Maria, a Virgem Mãe Dolorosa. Durante o tempo quaresmal e a Semana Santa, a piedade cristã coloca em prática, nas casas, em capelas, nas igrejas matrizes, nos cemitérios e pelas ruas – um rico repertório devocional em honra de Nossa Senhora, expresso em cânticos, cerimônias, paraliturgias, procissões, ofícios, “rezas” etc, tais como a Procissão do Depósito, a Procissão do Encontro ou dos Passos, o Setenário das Dores, a Via Matris, a Coroa ou Celebração das Sete Dores de Maria, o Terço Doloroso etc. Nesse período, invoca-se a Mãe de Deus como Senhora das Dores e sob outros títulos, que são desdobramentos desse: Nossa Senhora da Piedade, das Angústias, da Agonia, do (Monte) Calvário, da Saudade, do Pranto, Mãe Soberana... Queremos, contudo, nos ater a uma cerimônia intitulada SOLEDADE DE NOSSA SENHORA, em que se evidencia, justamente, a invocação mariana de Nossa Senhora da Soledade ou da Solidão, muito cultuada em diversos lugares do Brasil, como no Santuário do Bom Jesus da Lapa, na Bahia, aos cuidados dos Missionários Redentoristas. Referimo-nos, no entanto, à Cerimônia da Soledade de Maria (própria do Ciclo Pascal) e não às Festas e Romarias de Nossa Senhora da Soledade, que têm caráter alegre e festivo e são realizadas em outro período.


O termo “soledade” tem como significações: “solidão”, “estado de quem se encontra só”, “lugar ermo, deserto ou solitário”. Esse sentido melancólico do referido vocábulo condiz com a “atmosfera” que envolve a Soledade de Nossa Senhora. Trata-se, pois, de uma Solenidade comumente realizada durante a Semana Santa ou ao final do Setenário das Dores, durante o qual, a cada dia, medita-se sobre uma das sete dores de Maria Santíssima. Essa cerimônia, de influências europeias, conquistou grande popularidade em nosso país, alcançando seu apogeu no período barroco. Ainda hoje é realizada em alguns estados, sobremaneira nas comunidades mineiras.
A celebração da Soledade de Maria consiste numa emotiva e solene pregação sobre o papel da Mãe do Senhor no plano da Salvação e sua participação indispensável nos Mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, acompanhada de orações, motetos e cantos próprios diante da imagem de Nossa Senhora que se descortina ante os fiéis reunidos. Costumeiramente, encerrado o eloquente Sermão da Soledade, dá-se a Procissão das Lágrimas (ou da Soledade). Esse é o momento mais tocante e esperado. A imagem da Virgem da Soledade ou das Dores – trajada de manto roxo, azul escuro ou negro, com espadas ou punhais cravados no seu terno coração e trazendo às mãos um sudário com a estampa da face de Cristo ou um lenço que recorda suas doridas lágrimas derramadas – é conduzida pelo povo às ruas. Em alguns lugares, essa procissão percorre o mesmo itinerário das procissões públicas da Via Sacra, fazendo breves paradas perante quadros, imagens ou capelas-passos (Passinhos da Paixão), espalhados pelas ruas da cidade, que recordam os principais episódios da Paixão de Cristo, desde a condenação ao sepultamento. Embora seja uma celebração muito solene, não há sinais de alegria: tudo transcorre com austeridade, predominância das cores escuras e do silêncio, num ambiente sóbrio e quase árido, tal como o sentimento experimentado por Maria naquela primeira Sexta-feira Santa da História. O drama retratado gera lágrimas e preces de contrição que se misturam ao perfume do incenso e ao crepitar das chamas de velas e lanternas processionais, edificando uma dimensão de piedade filial associada aos sofrimentos de Nossa Senhora. É como se a cerimônia fosse, toda ela, embalada pelas palavras do Livro das Lamentações: “Vocês todos que passam pelo caminho, olhem e prestem atenção: haverá dor semelhante à minha dor?” (Lm 1,12).
E qual o sentido disso? Fazer o caminho da Via Sacra simboliza o retorno de Maria, desolada, só e saudosa, para sua casa após o sepultamento do Senhor Morto (cf. Jo 19,41-42). Ao passar diante dos quadros, é como se a Virgem Santíssima – lacrimosa, porém resignada e crente na ressurreição prometida pelo seu Jesus – relembrasse, passo a passo, os sofrimentos do Filho amado e os seus próprios. Essa é a procissão na qual se recorda, em noite de caráter lúgubre e de recolhimento, que, após sepultar o Cristo, Maria sente também o seu coração encerrado num sepulcro de solidão, dor e saudade. Todavia, o fato de Nossa Senhora retornar para sua casa sozinha e fazendo memória dos episódios trágicos e dramáticos experimentados durante a Paixão de forma alguma é um cultivo do sofrimento e da dor. É, sim, expressão de humana tristeza, mas, sobretudo, de resignação e esperança. Jamais de desespero ou revolta! Nesse sentido, a esperança de Maria não foi frustrada: Cristo ressuscitou! E a Virgem, antes chamada Senhora da Soledade, torna-se, assim, Senhora do Triunfo e das Alegrias, coparticipante da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte.
Ora, como boa Mãe da humanidade, entregue a nós por Cristo no drama do Calvário (cf. Jo 19,26-27), a Virgem Dolorosa faz-se solidária às nossas dores e aos nossos dramas. A Paixão de Cristo, prolongada nos sofrimentos de seu povo, é acompanhada por sua e nossa Mãezinha. Pensemos, pois, em Maria, percorrendo as ruas de nossa cidade, os nossos lares, os hospitais, os asilos, os orfanatos, as prisões, tal como Ela percorreu a “rua da amargura” em Jerusalém naquela sexta-feira em que seu Filho foi imolado como Cordeiro inocente... Ela consola e dá força aos doentes, aos enlutados, aos perseguidos, aos desempregados, aos abandonados, às vítimas de preconceitos... Ao estarmos nós desolados, a Mãe da Soledade sofre por nós e conosco, trazendo-nos, assim, o consolo e o ânimo necessários. Conforta-nos saber que Nossa Senhora faz conosco o “caminho da volta”, da “Via Sacra” de cada pessoa, particularmente com aqueles que perderam os seus familiares e os seus bens em Brumadinho, em Mariana ou em outras tragédias; com as vítimas das inundações e do fogo; com os que são vitimados pela violência, pela guerra e pela fome; com a Igreja perseguida no Brasil e no mundo; com os que padecem oprimidos por políticas públicas injustas, tal como nos alerta a Campanha da Fraternidade deste ano: “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1,27).
A todos, em nossos sofrimentos e solidões, quando tudo parece perdido, sem sentido e solitário, Maria toma-nos pela mão, “volta conosco para casa” e educa-nos para o caminho da santidade, da esperança e da Ressurreição. Não estamos sozinhos! Com efeito, a soledade dá lugar à vida nova! E Aquela que um dia provou as dores deste mundo, caminha conosco de volta para o lar, superando a lama e o sangue, o fogo e as águas traiçoeiras, as enfermidades e as injustiças, e dizendo-nos, sem cessar, que, depois da noite escura e trevosa, sempre vem o fulgor da ressurreição, que tudo supera e renova. Sempre! A Virgem outrora dolente, contemplada junto à Cruz, agora é contemplada ao lado do Ressuscitado: certeza também de nossa glória futura...
Leonardo C. de Almeida
Associado da Academia Marial de Aparecida

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