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José de Anchieta

Poema à Virgem, insigne preito mariano do Apóstolo do Brasil
Uma importante obra literária de nossa História –– cuja edição original foi impressa nas brancas areias do País nascente –– revela a acendrada devoção marial de Anchieta sob risco iminente de martírio
Geraldo Martins
A origem do Poema à Virgem está ligada a um dos mais heróicos episódios de nossa História. Nele transparecem admiravelmente reunidos o espírito de Fé, a confiança na Providência, a fortaleza de alma e o fino tato diplomático do Beato José de Anchieta, esse admirável homem de Deus.
Com efeito, o núcleo de indígenas, já católicos, por ele evangelizados em São Vicente, encontrava-se ameaçado de extinção pelos incessantes ataques da feroz tribo dos tamoios do Rio, que "levando continuamente como escravos, mulheres e filhos dos cristãos, matavaos e comia-os", conforme relata o próprio Pe. Anchieta em carta ao Geral da Companhia de Jesus, Pe. Lainez, em janeiro de 1565 (cfr. Cartas do B. Anchieta, Anais da Biblioteca Nacional, vol. II, p. 78, apud O Poema da Virgem, versão do Pe. A. Cardoso, SJ, Paulinas, SP, 1958,4ª ed.).

Movido pelo ardente zelo apostólico que o imortalizou, quis Anchieta pôr um fim a estas contendas, e prosseguir, em grande estilo, seu trabalho de evangelização. Para alcançar sua meta, durante as conversações de paz, lançou-se heroicamente como refém dos tamoios, na aldeia de Iperoig (atual Ubatuba-SP), onde conviveu com o espectro da morte. Permaneceu entre os silvícolas de maio a setembro de 1563.
Inicialmente, teve por companheiros o valoroso Pe. Nóbrega e um fiel servidor. Após o retorno de Nóbrega a São Vicente, para dirigir as negociações de paz, o outro companheiro foi morto e comido pelos Índios, em presença de Anchieta.
Sozinho em meio à ferocidade e o despudor dos selvagens, cercado de riscos por todos os lados, a todos os instantes, esse herói da Fé escreveu uma obra-prima em versos, para ocupar a imaginação com elevadas cogitações, atrair a proteção da Imaculada para sua castidade exposta a risco, e preparar-se para o martírio, como está expressamente dito nos últimos versos de seu cântico.
A lascívia dos índios via-se de tal modo contundida pela ilibada pureza deste varão íntegro, que por diversas vezes ofereceram-lhe suas filhas e mulheres. Mas o homem de Deus impôs-lhes o respeito, de tal maneira que chegou a exigir que não se aproximassem de sua tenda! E foi atendido (op. cit, pp 84-85).
Impresso nas areias e na memória
Sua única distração era passear nas alvas areias da praia, onde com seu tosco bordão pôs-se a traçar, como que em largos vôos de gaivota, os louvores da Virgem Mãe de Deus, ditados pela abundante devoção que ardia como acesa fornalha em seu marial coração.
Naquela continuada disputa com as ondas do mar, que iam apagando seus versos, tão logo se imprimiam na lousa branca das areias, exercitava também sua agilidade de espírito para os combates nos quais estava engajado.
Sua privilegiada inteligência e prodigiosa memória venceram por fim a destreza das ondas. Enquanto uma produzia tão encantadores versos, a outra os guardava para a edificação das gerações futuras.
O Poema

A título de amostragem, oferecemos abaixo trechos do célebre Poema à Virgem, de mais de 5700 versos, composto em latim clássico. Começamos pelo oferecimento, cuja sublime clave perpassa de início a fim toda a peça literária:
"Cantar ou calar? Mãe Santíssima de Jesus, os teus louvores hei de os cantar, ou hei de os calar?
A mente alvoroçada sente-se impelida pelo aguilhão do amor a oferecer à sua rainha uns versos. Como ousará mundana língua enaltecer a que encerrou no seio o Onipotente ?"
Séculos antes da definição dogmática da Imaculada Conceição, o grande Anchieta, nas areias da Terra de Santa Cruz, tendo como testemunhas apenas os anjos de Deus e os inquietantes olhares dos ferozes índios, assim se exprimia:
"Concebida em seio materno, como todos nós, Só tu, ó Virgem, fostes livre do labéu que mancha os outros todos, e esmagas ao calcanhar a cabeça do enroscado dragão, retendo sob as plantas sua fronte humilhada.
Toda bela de alvura e luz não houve sombra em ti, doce noiva de Deus!"
Assumido pelo mesmo fogo de seu Pai espiritual e Fundador da Companhia de Jesus, Inácio de Loiola, José de Anchieta investe como um raio contra a insolência de Calvino, que atacou a virgindade perpétua da Rainha do Céu:
"Com negro coração roído pela lepra, te atiras setas envenenadas em fel de víbora, Monstro, por que te inchas, com a inveja da antiga serpente? Por que róis com loucos dentes a beleza da Virgem Mãe? Ousaste, venenosa cobra, tocar com essa tua maldita língua, o leito alvíssimo do eterno Deus?"
O poema termina num brado de amor à Virgem, no desejo ardente do martírio e em nobilíssimo sentimento de humildade:
"Eis os versos que outrora, ó Mãe Santíssima, te prometi em voto, vendo-me cercado de feróis inimigos. Enquanto entre os tamoios conjurados pobre refém, tratava as suspiradas pazes, tua graça me acolheu em teu materno manto, e teu véu me velou intactos corpo e alma.
À inspiração do céu, eu muitas vezes desejei penar, e cruelmente em duros ferros expirar. Mas sofreram merecida repulsa meus desejos! Só a heróis compete tanta glória!"
Peçamos confiantes que, a rogos deste incomparável herói, a Senhora da Conceição Aparecida nos obtenha, na atual encruzilhada histórica por que passa a Nação, graças extraordinárias para que de fato nosso País seja a Terra de Santa Cruz, com a qual sonharam seus Fundadores. E cujo futuro grandioso foi pelo mesmo Beato José de Anchieta profetizado no De Gestis Mendi de Sá (A Gesta de Mem de Sá), poema composto em mais de 3000 versos latinos –– a primeira obra redigida em nossa Pátria ––, editado em Coimbra no mesmo ano em que o Apóstolo do Brasil cantava as glórias da Virgem Imaculada, nas alvas areias de Iperoig.
COMPAIXÃO E PRANTO DA VIRGEM NA MORTE DO FILHO
Poema a Virgem - Padre José de Anchieta
Escrito pelo Padre nas areias da Praia de Iperoig em Ubatuba.
Minha alma, por que tu te abandonas ao profundo sono?
Por que no pesado sono, tão fundo ressonas?
Não te move à aflição dessa Mãe toda em pranto,
Que a morte tão cruel do FILHO chora tanto?
E cujas entranhas sofre e se consome de dor,
Ao ver, ali presente, as chagas que ELE padece?
Em qualquer parte que olha, vê JESUS,
Apresentando aos teus olhos cheios de sangue.
Olha como está prostrado diante da Face do PAI,
Todo o suor de sangue do seu corpo se esvai.
Olha a multidão se comporta como ELE se ladrão fosse,
Pisam-NO e amarram as mãos presas ao pescoço.
Olha, diante de Anás, como um cruel soldado
O esbofeteia forte, com punho bem cerrado.
Vê como diante Caifás, em humildes meneios,
Aguenta mil opróbrios, socos e escarros feios.
Não afasta o rosto ao que bate, e do perverso
Que arranca Tua barba com golpes violento.
Olha com que chicote o carrasco sombrio
Dilacera do SENHOR a meiga carne a frio.
Olha como lhe rasgou a sagrada cabeça os espinhos,
E o sangue corre pela Face pura e bela.
Pois não vês que seu corpo, grosseiramente ferido
Mal susterá ao ombro o desumano peso?
Vê como os carrascos pregaram no lenho
As inocentes mãos atravessadas por cravos.
Olha como na Cruz o algoz cruel prega
Os inocentes pés o cravo atravessa.
Eis o SENHOR, grosseiramente dilacerado pendurado no tronco,
Pagando com Teu Divino Sangue o antigo crime! (Pecado Original cometido pelos primeiros pais e os subsequentes pecados da humanidade)
Vê: quão grande e funesta ferida transpassa o peito, aberto
Donde corre mistura de sangue e água.
Se o não sabes, a Mãe dolorosa reclama
Para si, as chagas que vê suportar o FILHO que ama.
Pois quanto sofreu aquele corpo inocente em reparação,
Tanto suporta o Coração compassivo da Mãe, em expiação.
Ergue-te, pois e, embora irritado com os injustos judeus
Procura o Coração da MÃE DE DEUS.
Um e outro deixaram sinais bem marcados
Do caminho claro e certo feito para todos nós.
ELE aos rastros tingiu com seu sangue tais sendas,
Ela o solo regou com lágrimas tremendas.
A boa Mãe procura, talvez chorando se consolar,
Se as vezes triste e piedosa as lágrimas se entregar.
Mas se tanta dor não admite consolação
É porque a cruel morte levou a vida de sua vida,
Ao menos chorarás lastimando a injúria,
Injúria, que causou a morte violenta.
Mas onde te levou Mãe, o tormento dessa dor?
Que região te guardou a prantear tal morte?
Acaso as montanhas ouvirão Teus lamentos?
Onde está a terra podre dos ossos humanos?
Acaso está nas trevas a árvore da Cruz,
Onde o Teu JESUS foi pregado por Amor?
Esta tristeza é a primeira punição da Mãe,
No lugar da alegria, segura uma dor cruel,
Enquanto a turba gozava de insensata ousadia,
Impedindo Aquele que foi destruído na Cruz.
Mãe, mas este precioso fruto de Teu ventre
Deu vida eterna a todos os fieis que O amam,
E prefere a magia do nascer à força da morte,
Ressurgindo, deixou a ti como penhor e herança.
Mas finda Tua vida, Teu Coração perseverou no amor,
Foi para o Teu repouso com um amor muito forte!
O inimigo Te arrastou a esta cruz amarga,
Que pesou incomodo em Teu doce seio.
Morreu JESUS traspassado com terríveis chagas
ELE, formoso espírito, glória e luz do mundo;
Quanta chaga sofreu e tantas LHE causaram dores;
Efetivamente, uma vida em vós era duas! (Natureza Humana e Natureza Divina do SENHOR)
Todavia conserva o Amor em Teu Coração, e jamais
Evidentemente deixou de o hospedar no Coração,
Feito em pedaços pela morte cruel que suportou
Pois à lança rasgou o Teu Coração enrijecido.
O Teu Espírito piedoso e comovido quebrou na flagelação,
A coroa de espinhos ensanguentou o Teu Coração fiel.
Contra Ti conspirou os terríveis cravos sangrentos,
Tudo que é amargo e cruel o Teu FILHO suportou na Cruz.
Morto DEUS, então porque vives Tu a Tua vida?
Porque não foste arrastada em morte parecida?
E como é que, ao morrer, não levou o Teu espírito,
Se o Teu Coração sempre uniu os dois espíritos?
Admito, não pode tantas dores em Tua vida
Suportar, aguentando se não com um amor imenso;
Se não Te alentar a força do nascimento Divino
Deixará o Teu Coração sofrendo muito mais.
Vives ainda, Mãe, sofrendo muitos trabalhos,
Já te assalta no mar onda maior e cruel.
Mas cobre Tua Face Mãe, ocultando o piedoso olhar:
Eis que a lança em fúria ataca pelo espaço leve,
Rasga o sagrado peito ao teu FILHO já morto,
Tremendo a lança indiferente no Teu Coração.
Sem dúvida tão grande sofrimento foi à síntese,
Faltava acrescentá-lo a Tuas chagas!
Esta ferida cruel permaneceu com o suplício!
Tão penoso sofrimento este castigo guardava!
Com O querido FILHO pregado a Cruz Tu querias
Que também pregassem Teus pés e mãos virginais.
ELE tomou para SI a dura Cruz e os cravos,
E deu-Te a lança para guardar no Coração.
Agora podes, ó Mãe, descansar, que possui o desejado,
A dor mudou para o fundo do Teu Coração.
Este golpe deixou o Teu corpo frio e desligado,
Só Tu compassiva guarda a cruel chaga no peito.
Ó chaga sagrada feita pelo ferro da lança,
Que imensamente nos faz amar o Amor!
Ó rio, fonte que transborda do Paraíso,
Que intumesce com água fartamente a terra!
Ó caminho real com pedras preciosas, porta do Céu,
Torre de abrigo, lugar de refúgio da alma pura!
Ó rosa que exala o perfume da virtude Divina!
Jóia lapidada que no Céu o pobre um trono tem!
Doce ninho onde as puras pombas põem ovinhos,
E as castas rolas têm garantia de suster os filhotinhos!
Ó chaga, que és um adorno vermelho e esplendor,
Feres os piedosos peitos com divinal amor!
Ó doce chaga, que repara os corações feridos,
Abrindo larga estrada para o Coração de CRISTO.
Prova do novo amor que nos conduz a união! (Amai uns aos outros como EU vos amo)
Porto do mar que protege o barco de afundar!
Em TI todos se refugiam dos inimigos que ameaçam:
TU, SENHOR, és medicina presente a todo mal!
Quem se acabrunha em tristeza, em consolo se alegra:
A dor da tristeza coloca um fardo no coração!
Por Ti Mãe, o pecador está firme na esperança,
Caminhar para o Céu, lar da bem-aventurança!
Ó Morada de Paz! Canal de água sempre vivo,
Jorrando água para a vida eterna!
Esta ferida do peito, ó Mãe, é só Tua,
Somente Tu sofres com ela, só Tu a podes dar.
Dá-me acalentar neste peito aberto pela lança,
Para que possa viver no Coração do meu SENHOR!
Entrando no âmago amoroso da piedade Divina,
Este será meu repouso, a minha casa preferida.
No sangue jorrado redimi meus delitos,
E purifiquei com água a sujeira espiritual!
Embaixo deste teto (Céu) que é morada de todos,

Viver e morrer com prazer, este é o meu grande desejo.

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