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Carlota, a missionária do Redentor, MRL da Bahia


Carlota,
a missionária do Redentor

Missionária Redentorista Leiga






Os títulos possíveis:
a)     “Do Deus que “passa e não volta” ao Deus conosco, Pai misericordioso”.
b)     “Das faculdades às comunidades”.
c)      “Dos livros linguísticos aos temas religiosos”.
d)     “Carlota, a missionária do Redentor”.

Texto: Carlota da Silveira Ferreira, MRL
Revisão: Pe. José Grzywacz, CSsR
Impressão: Dom Ceslau Stanula, CSsR


Salvador, 2020


Aproveitando as condições impostas,[2] um redentorista pediu a algumas pessoas que fizessem o seu depoimento-testemunho sobre três aspectos: a formação de missionários redentoristas leigos; sobre as Santas Missões Redentoristas como também sobre o significado e a presença da Mãe do Perpétuo Socorro. O material recolhido servirá para o segundo volume do livro: “Eu sou José, vosso irmão”. Um dos primeiros depoimentos devolvidos é de Carlota da Silveira Ferreira. O presente caderno é intitulado: Do Deus que “passa e não volta” ao Deus conosco, Pai misericordioso”.[3] É uma referência aos “êxodos” de Santo Afonso de Ligório e às “conversões” da autora.
O outro motivo dessa “edição” é a homenagem pelos 80 anos de Dona Carlota e o agradecimento à colaboradora e participante da vida redentorista. Ao ver esse depoimento e testemunho sobre a vida missionária leiga, o bispo emérito de Floresta – PE, e de Itabuna - BA, Dom Ceslau Stanula, CSsR deu a sugestão de fazer uma edição “pública”. Assim segue o material com o valor exemplar da vocação e atividades missionárias de uma leiga como incentivo para os demais MRL e aos seminaristas. Eis aqui um pedaço de vida...
Salvador, abril 2020 - Jag


Índice


Contextualizando

1.      Começando...
2.      Estância
3.      Sacramentinas
4.      Língua portuguesa
5.      Santo Afonso
6.      Santas Missões no Sítio Pombal
7.      Compromisso missionário
8.      Bote pé na estrada!
9.      Sobre o olhar da Mãe
10.  Ícone do Perpétuo Socorro

Afinal, quem ela é?

DONA CARLOTA * TITIÓ
ESPOSA* REVISORA * BENFEITORA
FORMADORA * MISSIONÁRIA * CATEQUISTA * EVANGELIZADORA HOSPEDEIRA * HOSPEDADA
SERGIPANA * ATENCIOSA * OBLATA * DEVOTA DE MARIA

  



"Se você quer um pedacinho do Paraíso, acredite em Deus. Mas se você quer conquistar o mundo, acredite em você porque Deus já deu tudo o que você precisa para você vencer".
Augusto Branco, poeta[4]

1.      Começando...

Eu acreditei e continuo acreditando. Fiz o primeiro compromisso missionário no dia 5 de fevereiro de 1995. Éramos 22. De Salvador (Pituaçu, Bairro da Paz, Tororó) e de Feira de Santana. A celebração aconteceu na igreja de Nossa Senhora das Candeias (no bairro do Pituaçu). Mas até chegar esse dia viajei por uma longa estrada, a da minha vida.



2.      Estância

Nasci na cidade de Estância – apelidada de “cidade jardim de Sergipe”.[5]  Minha mãe deu à luz a sua terceira filha no quarto da minha avó, onde sempre existiu uma grande imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Ela foi, portanto, minha primeira visita. Hoje está na casa de uma tia e eu sempre a visito. Coincidência ou providência? Nasci em uma família religiosa, fui anjinho em muitas celebrações: procissões, novenas, missas festivas. Ainda existem algumas fotos!

3.      Sacramentinas

Aos 8 anos, já morando em Salvador da Bahia, fui aluna do colégio das freiras Sacramentinas durante todo o período escolar, foram 11 anos. Era muito estudiosa, e colecionava medalhas de bom aproveitamento, bom comportamento e de religião. Colecionava e tinha medalhas mais do que qualquer militar das Forças Armadas. De vez em quando, naqueles dias de acerto de contas e premiação, baixava na minha cabeça uma coroa dourada, parecendo aquelas que víamos nas cabeças de gregos e romanos! Costumava ficar encabulada. Eu preferia as medalhas.
Ao lado do aprendizado havia muitas orações, na igreja nas salas de aulas, nos corredores, nos recreios; retiros anuais que duravam 3 dias e não se podia falar só rezar. Aprendi a cantar em latim e canto gregoriano. Às vezes desmaiávamos na capela porque fazia muito calor e a farda era muito quente. Mas sou sincera e faço o meu comentário: havia uma obsessão em se falar do pecado e de um Deus muito rigoroso. "Temei a Deus que passa e não volta". A madre superiora costumava escrever essa frase no quadro negro todos os anos nos dias de retiro. Jesus tinha pouca relevância, falavam sobre Ele muito menos de que deviam e Ele merecia. À Nossa Senhora eu tinha um carinho especial. Durante certo tempo, levava flores todos os dias, do jardim da minha mãe para o jarrinho que havia em todas as salas de aula. Mas entre meus 9 e 10 anos quase enlouqueci, tinha medo do demônio e temia ver uma alma em pecado mortal. Resultado da história de uma santa, acho que era Santa Teresa d'Ávila, que a freira contava com ênfase, fazendo caras de medo. Não queria ficar sozinha, não olhava para o espelho e chorava muito. Até que um dia minha irmã, bem mais velha, me "exorcisou". Mas eu fui crescendo, amadurecendo e os temores adormecendo, até sumirem. Eu amava a minha escola, era bonita, clara, amava as colegas, professores e poucas freiras, amava os recreios, amplos e arejados, gostava de jogar vôlei e principalmente ping pong, era campeã. Cantávamos "Salve a escola das Sacramentinas, santuário e estância de luz... Nessa casa que educam meninas preparando o Brasil de amanhã"
Naquele tempo, de criança e adolescente, eu considerava as Sacramentinas minha segunda casa. Nela eu aprendi a rezar, a amar a Deus e respeitá-lo. Aprendi os Mandamentos da lei de Deus e da Igreja. Enquanto aluna, normalmente participava da missa dominical na capela da Escola. Ali estavam os primeiros degraus para uma futura e distante opção.



Após encerrar o meu curso secundário nas Sacramentinas decidi me preparar para o vestibular. Gostava muito de ler, livros de autores brasileiros, portugueses, autores traduzidos, revistas, tudo. Gostava de escrever crônicas para um leitor só, eu mesma. Fiz e passei no vestibular. Me preparei então para o curso de Letras da Universidade Federal da Bahia. Entrei como estudante, depois passei a ser professora e só saí quando me aposentei. Foi uma vida. 34 anos. Estudei línguas neolatinas, mas os cursos de literatura não me comoveram pois não atenderam a minha expectativa, todavia pelo curso de Língua Portuguesa eu me apaixonei.
Já licenciada, juntos a outros colegas, formamos um grupo de professores que faziam da profissão uma religião. Tivemos um professor-mestre, depois colega, mas sempre mestre, com capacidade, competência e responsabilidade indiscutíveis. Coordenava o trabalho de pesquisa respeitando sempre a tudo e a todos, e aceitando distintas propostas que por vezes surgiam à nossa mesa, nos momentos de avaliação e programação. Lisura e respeito eram normas perenes. Nelson Rossi[6] é o seu nome. A convivência era perfeita. Amigos até hoje, porém alguns já ausentes porque Deus já os convidou a partir.
Interesso-me por destacar uma longa pesquisa que fizemos e que tem muito a ver com a minha opção de ser MRL.[7] Se tiverem paciência chegaremos lá. Vejamos. Decidimos trabalhar sobre a diversidade linguística e cultural de determinada área brasileira, e então estudamos e elegemos 50 localidades distribuídas em todo o estado da Bahia e 15 no estado de Sergipe. Queríamos aprender e não ensinar, queríamos ouvir pessoas simples, fossem alfabetizadas, pouco ou não alfabetizadas. Queríamos ouvir a sua fala e a sua maneira de viver. Fomos à casa onde se faz a farinha de mandioca, vimos a funções do rodete, da sevadeira, do tapiti, e o que é a crueira e a manipueira ; aprendemos que muita estrela junta é o caminho de Santiago (via láctea); aprendemos que "a medalha tem sempre um santinho mas a Verônica pode não ter”; que o argueiro é o cisco que cai nos olhos; que a clavícula se chama também de cantareira e osso da fome; que zelação/velação é a estrela que corre; em setembro cai uma chuva forte, é o cambueiro de setembro Isso é apenas uma amostra. É um trabalho sério e nada tem a ver com dicionários de baianês e companhia. Para tanto viajamos de carro, de trem, de barco pelo rio São Francisco, de avião. Carinhos e desconfortos. Desses muitos saberes dos nossos amigos do interior e de algumas cidades geraram artigos, monografias, teses, livros, e muitos temas e assuntos apresentados nas salas de aula.

5.      Santo Afonso
Na contracapa do livrinho que escrevi: "Afonso de Ligório. O Mestre da Santidade",[8] assim está escrito sobre a autora: "A atividade de pesquisa esteve voltada, majoritariamente, para o estudo da fala rural [...] Certamente este gosto de conviver, no ambiente rural, com pessoas [...] carentes favoreceu a sua atração pelo carisma da Congregação de Santo Afonso. Transformou a sua vida a partir do encontro com os redentoristas. Sentiu que havia uma nova missão a cumprir. Um novo caminho que a levaria aos pobres, mas com outro discurso. Trocou seus livros de linguística pelos de temas religiosos."


Passamos agora ao terceiro momento da minha vida quando me aproximei da Congregação Redentorista e vivi as Santas Missões no bairro de Pituaçu. Cito duas datas e alguns episódios.
Em 1993, de 10 a 12 de dezembro, aconteceram as Missões Redentoristas na extensa área de Pituaçu (Salvador, Bahia). As celebrações aconteceram dentro da igreja de Nossa Senhora das Candeias, porém procissões e outras concentrações aconteceram em áreas externas. O extenso bairro do Pituaçu foi dividido em 7 comunidades, divisão que perdura até hoje: Sitio Pombal (onde eu morava), Centro, 2 de Janeiro, Bananal, Alto de São João, Alto Beira Mar e Recanto dos Coqueiros (Golfo Pérsico). Durante os 10 dias que duraram as Missões, alguns dos missionários ficaram em casas de moradores. Lembro-me que na noite da abertura houve alguns percalços, mas não é pertinente relembrar.

Não vou detalhar os atos religiosos daquela sempre lembrada Missão Redentorista, porém quero recordar três momentos quando pareciam chover bênçãos dos céus que faziam crescer o nosso compromisso de dar continuidade a tudo aquilo que estávamos vivemos e aprendendo. São eles: a procissão luminosa, quando as luzes das velas misturavam-se ao espírito de cada um de nós; a procissão, entre os presentes, do ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Todos queriam tocá-la e a todos Ela parecia olhar com sua expressão de Mãe. O outro momento maravilhosamente intenso foi o do encerramento, quando nós, segurando cada um a sua pequena cruz de madeira, firmávamos o compromisso de sermos operários do Senhor e o de buscar outros para fazer crescer a Sua messe.
Aquele momento foi decisivo para mim. Eu queria ser uma missionária leiga. Aqueles momentos mostraram-me um Deus diferente, não o que "passa e não volta", mas um Deus pai misericordioso, um Jesus amigo e irmão que quer a colaboração de todos para juntos, edificarmos uma Igreja aberta, amorosa e solidária, de mãos dadas com a sua mãe, a nossa Mãe.
Conhecemos naqueles dias uns padres diferentes. Piedosos, "rezadores", alegres, cantores, movimentados, ativos. Eram vários. Lembro-me de alguns: Padres Cristóvão Dworak, Adão Mazur, Francisco Micek, Antônio Niemiec. Destaco mais três pela participação na Missão: Padre Tadeu Pawlik, pai fundador da comunidade, mentor das Missões e de tudo o mais; Cristóvão Mamala, coordenador das Missões, conhecido antigo desde quando jogava futebol no improvisado campo no "sítio“ de Angélica, amigo querido que há décadas encontra-se na Itália; e padre José Grzywacz, que passou os 11 dias das Missões na residência de Angélica, no Sítio Pombal. Conquistou-nos a todos; alegre, piedoso, simples, exigente, corajoso; atento a tudo. É responsável pelo meu reencontro com o sacramento da Penitência e consequentemente pela minha felicidade de voltar a receber a Eucaristia. A ele a minha gratidão. Convivemos até hoje com a mesma amizade e confiança. Foi o Padre José que convidou-me a ser missionária redentorista leiga encaminhando-me ao curso de formação.




7.      Compromisso missionário

Em 05 de fevereiro de 1995, cuja data já me referi anteriormente, assumi o meu compromisso de ser Missionária Redentoristas Leiga, MRL, mas antes participei do curso de preparação, que tinha a duração de dois anos. No primeiro ano os temas abordados eram: História da Salvação, a pessoa de Jesus e a História da Igreja, espiritualidade e missionaridade cristãs, liturgia etc. A programação do segundo ano estava voltada para a espiritualidade redentorista, história da Congregação, carisma e santos redentoristas, etapas das Missões Redentoristas.
Após o primeiro compromisso seguia-se o Curso Permanente; todos os cursos eram organizados pelo Centro Missionário Redentorista, (CMR).
É oportuno relembrar que muitos redentoristas envolveram-se com a nossa formação, incluindo, naquela época, os que pertenciam à equipe missionária. Como não éramos numerosos, a didática das aulas era muito dinâmica; além da fala do expositor havia discussões em pequenos grupos, incluindo leigos e consagrados. Encerrávamos sempre com um almoço compartilhado. Crescia, aos poucos, o sentido de família redentorista. BONS TEMPOS.

8.      Bote pé na estrada...

Sempre que saía para as Missões eu me preparava. Lia e estudava na pasta que continha os textos missionários e toda a sequência das Missões. Não havia ainda o Missal das Santas Missões Populares. Pedia luzes e sabedoria ao Espírito Santo, inspiração a Jesus e proteção a Nossa Senhora.
Vivi situações semelhantes a que os demais leigos viveram, a ver: 1) o leigo junto a um missionário sacerdote (assim aconteceu comigo pois tive oportunidade de ir junto aos padres : Tadeu Mazurkiewicz , Tadeu Pawlik, Eugénio Fasuga, José Grzywacz, Pedro Gruzdz ); 2) dupla de leigos; 3) missões só de leigos, coordenadas por um padre missionário. Vou exemplificar.

8.1. O leigo junto a um sacerdote.

Vamos falar de Floresta. É uma cidade de Pernambuco conhecida pela tramitação de drogas e brigas entre famílias. 0 bispo da cidade era dom Ceslau Stanula, missionário redentorista. Foi organizada uma Missão que atingisse toda a cidade. Por esse motivo era necessário muitos padres missionários. Era uma Missão de 11 dias. Me convidaram para participar e corajosamente, aceitei. Era a minha primeira participação e foi a minha "prova de fogo". Fiquei com o padre Tadeu Mazurkiewicz. No início meia temerosa, mas depois deixou-me à vontade e disse que fizesse o que pudesse e quisesse, era só combinar. Nos entendemos totalmente.
Logo ao chegar em Floresta disseram-me que haviam me escolhida para refletir sobre o sacramento da Ordem, o que aconteceria na última procissão da Penitência, e que estariam presentes todos os missionários, incluindo dom Ceslau, e todo o pessoal da cidade participante das Missões. Recordo-me que o Pe. Tadeu Pawlik disse assim brincando comigo; "Faça a gente chorar". Quem quase chorava assustada era eu! No dia marcado estavam todos lá, e era uma multidão. Na hora exata, segurei a minha cruz missionária, segredei baixinho ao Espírito Santo: "me ajude, me sopre. Nem eu chorei, fiquei feliz e aliviada, e agradecida ao meu amigo fiel, o Divino Espírito Santo. Ainda em Floresta, o padre Cristóvão Dworak e eu falamos aos professores sobre Educação e Ensino.
Despedi-me dos 11 dias de Floresta muito feliz, mas toda picada de muriçocas sanguinárias, mais parecia sarampo, e sem devolver, e não era por vingança, o coração da senhora que nos hospedou. Durante muito tempo, sempre que me encontrava com o padre Tadeu Barbudo, ele brincava: "E o coração, missionária"?


  
8.      2. Uma dupla de leigos.

Como disse anteriormente em muitas outras Missões os missionários leigos trabalhavam em duplas, e sempre com segurança e zelo, exemplo de uma dupla em uma determinada localidade: Itapema (eu com Sandra Reis e depois com Rilza), Botelho (com Gustavo) e por aí seguiram-se outras oportunidades. Relembro agora de alegrias e agruras que passamos eu e minha amiga e companheira Daiane. Nas longínquas agro-vilas convivemos bem de perto com o povo, simples e piedoso, mas à noite, numerosos sapos, borboletas e insetos voadores que insistiam e
m se apresentar, quando íamos ao "toalete", que ficava distante da casa onde estávamos. Em Ouriçangas foi tudo excelente, mas a nossa fé era tanta e tão intensa que a cama, onde ambas dormíamos, quebrou já noite cerrada desabamos, as duas, naquele tobogan inesperado. Ri, rimos muito, um riso contido, mas toda a casa assustou-se e riu também. Virou a casa do riso. Nada a fazer, só ajeitar a cama no chão. E dormir.

8.      3) Santas Missões só de leigos, coordenadas por um padre missionário.

Sobre as Santas Missões pregadas pelos leigos: todas foram organizadas pelo coordenador dos leigos, o padre José Grzywacz. Eram precedidas de uma minuciosa preparação: onde vai ser, quem vai, que pares serão formados para agir
conjuntamente, o que levar. Eram distribuídos para que fossem levados para a Missão: cartazes, santinhos com o símbolo redentorista, fitinhas, cruzes, novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro etc. Algumas peças deveriam ser distribuídas
gratuitamente, outras vendidas, e tudo isso servia para uma maior integração entre missionários e as pessoas locais, participantes da Missão. Sempre antes da nossa partida havia a celebração do envio e no retorno o encontro de avaliação.[9]

Entre muitas outras Missões e semanas missionárias, relembro as Missões pregadas na cidade de Iaçu, que contou com a participação de quase todos os leigos/leigas que trabalharam aos pares, espalhando-se por toda a cidade. Lembro-me que Marinalva, do Bairro da Paz, e eu ficamos na igreja Matriz. O padre Raimundo, de Iaçu, (diocese de Amargosa) integrou-se totalmente às Missões pondo a nossa disposição o carro do seu uso e com alto-falantes para divulgarmos as Missões. Ele dirigia e se divertia com a nossa zoadeira: "Alô, criançada"! As Missões em Iaçu foram um sucesso, muito acolhimento e motivo de satisfação para os leigos. Aconteceram em outubro e o encerramento foi no dia 12, dia de Nossa Senhora Aparecida. Todos nós, leigos e leigas, e os padres José e Raimundo, estávamos no palanque-carroceria de caminhão, já usual em outras missões, comungando daquele momento de Fé e de muita alegria.

Relembrando: "A Igreja não se acha deveras consolidada, não vive plenamente, não é perfeito sinal de Cristo entre os homens se nela não existe um laicato de verdadeira expressão que trabalhe com a hierarquia...Importa que neles transpareça o novo homem criado segundo Deus na justiça e na verdade" (AG21).






Maria, a Mãe de Jesus - O ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Pedimos licença ao padre José Grzywacz, CSsR para trazer aqui duas frases que estão transcritas na abertura do seu livro Bem-Aventurada. Estudo popular sobre Maria a Mãe de Jesus; “Não se pode ser cristão sem ser mariano" (Papa Paulo VI).


Certíssimo. Ainda criança aprendemos a rezar a Ave Maria e a rezar o terço, que é a maneira mais usada da devoção mariana. As numerosas devoções marianas espalham-se pelo mundo todo sob diversos nomes e distintas origens e histórias. Maria é venerada em procissões, novenas e padroeira em muitos lugares. Na minha pequena cidade de Estância - SE, Nossa Senhora do Rosário era festejada, mas a padroeira da cidade que tinha morada na igreja da Matriz depois Catedral, é a Nossa Senhora de Guadalupe. Ela era merecedora de altas celebrações com hasteamento de bandeiras, procissão, missa, bispo, coral etc. Eu não entendia muito, a minha devoção predileta era a Virgem do Rosário. Mas eu ia ver a festa, era bonita, animada, quem tocava na procissão era a Lira Carlos Gomes.

"Se você quiser saber quem é Maria, vá ao teólogo e ele lhe dirá exatamente quem é Maria. Mas se você quiser saber quem ama Maria, vá ao Povo de Deus. Que ele lhe ensinará melhor”[10] (Papa Francisco).
Obedeci, fui não a um teólogo, fui a um mariólogo, li livros, assisti aulas, fui ao Evangelho, principalmente, ao evangelista Lucas, ao Catecismo da Igreja Católica (CIC) etc. Quanto a aprender com o Povo de Deus , nós somos integrantes desse grupo, mas se algum missionário redentorista leigo estiver lendo essas palavras eu aconselho, vá, participe das Missões, se conhece algum seminarista aconselhe a ele ir,[11] vão, lá vocês farão o seu "doutoramento" em amor à Maria.

10. O ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

No ícone de NSPS[12] estão presentes Jesus, a Mãe de Deus, o Arcanjo Gabriel e o Arcanjo Miguel. Os arcanjos levam os instrumentos da Paixão. Gabriel, à direita, leva a cruz e os cravos e Miguel, á esquerda com a lança, a vara com esponja do vinagre e o cálice da amargura. Todos os quatro têm seus nomes abreviados com letras gregas no ícone. No centro estão Maria e Jesus. Maria acolhe Jesus com a mão direita, que parece assustado com a proximidade dos anjos com os instrumentos da Paixão. Essa cena sugere o lado humano de Jesus: o filho que procura arrego nos braços de sua mão. Com as suas duas mãos Jesus segura a mão esquerda de sua Mãe que aponta o seu Filho, o Filho de Deus como que nos mostrando o caminho a seguir nas nossas vidas. Essa interpretação sugere a divindade de Jesus. O olhar de Maria é terno, quase triste, ele nos acompanha para onde vamos como o de uma mãe que se preocupa e está atenta aos seus filhos. Vê-se também a sandália que sai do pé de Jesus e fica pendurada por um fio. A mais conhecida interpretação é que simboliza um pecador que está afastado de Jesus, mas Jesus tenta segurá-lo, recuperá-lo.
As cores são também simbólicas. Nessa área é que verificamos várias diferenças de interpretação: o vermelho, como símbolo de virgindade, mas também de martírio. A túnica azul com forro verde é a túnica das mulheres do seu tempo, mas também de poder. O dourado do fundo da tela resplandece em todas as vestes e é sinal de realeza.

Passo a transcrever um trecho do Curso de Formação Permanente, datado de 1996. - "O quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é um quadro redentor e não é por acaso que ele parou nas mãos dos missionários da Redenção. Foi no dia 19 de março de 1866 que o papa Pio IX entregou o quadro miraculoso aos Redentoristas junto com a incumbência: "Façam-na conhecida e amada em todo o mundo". Este ícone é um resumo da cristologia e mariologia.[13] Ele contém todos os elementos da espiritualidade alfonsiana, tais como:
1.      Presépio = Encarnação - o Menino Jesus;
2.      Cruz = Paixão e Morte - os instrumentos da paixão na mão dos Arcanjos;
3.      Eucaristia - a figura de Maria, como o primeiro sacrário, a auréola acerca da cabeça de Maria, lembrando a hóstia do ostensório.
4.      Maria - ela mesma com o nome "Mãe de Deus" - letras em grego.

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é a companheira inseparável dos Missionários Redentoristas. Que Ela os abençoe e proteja sempre.

Salvador, 17 de abril de 2020.

Carlota da Silveira Ferreira
(de quarentena por conta do Covid-19).



Leo rex ubique est.[14] – em Subaúma.





Carlota da Silveira Ferreira, filha de Anna da Silveira Ferreira[15] e Arnaldo da Cunha Ferreira.[16] Nascida aos 4 de julho de 1939 em Estância – SE (no dia da Independence Day).[17] Teve três irmãos: Maria Angélica Ferreira,[18] Humberto da Silveira Ferreira e Jeante da Silveira Ferreira.[19]  

1.      DONA CARLOTA - Para mim[20] Dona Carlota. (Se a palavra o “Dom” refere-se ao bispo, alguém importante e pastor; assim para mim Carlota sempre foi e, é, a “Dona Carlota”. Dona Carlota várias vezes me corrigia e reclamava dizendo: “podes me chamar simplesmente de “Carlota”. Mas nunca me acostumei com isso e para mim ela é “Dona Carlota” – missionária redentorista leiga.
2.      Titió – esse é nome muito carinhoso da Carlota da Silveira Ferreira para os familiares e os mais próximos dela.
3.      PROFESSORA – formada pela Universidade Federal da Bahia, Instituto de Letras. Estudou línguas neolatinas e mestra em língua portuguesa. É coautora de dois “Atlas linguísticos de Bahia e Sergipe”.
4.      ESPOSA – teve como uma memorável companhia, por 30 anos o senhor Luiz Garboggini Quaglia.[21] Trabalhou na Aeronáutica Brasileira. Um homem culto e talentoso. Amante do mar e da pesca.
5.      REVISORA – durante vários anos foi a revisora oficial dos textos produzidos para “Axé da Bahia” e o “Noticiário”. Também ajudou na composição e orientação de vários livros da área de mariologia, seis deles editados pela Editora Paulus.    
6.      BENFEITORA – durante vários anos foi a colaboradora fiel das Obras Missionarias Redentoristas e do Clube Vocacional Redentorista. Envolveu nessas obras as suas amigas da Faculdades e os familiares. Na comunidade de Nossa Senhora das Candeias, em Pituaçu, ela é “dizimista fiel”.  
7.      FORMADORA – participou do processo de formação dos seminaristas - os futuros redentoristas - no seminário Santo Afonso e São Geraldo, em Pituaçu, dando aulas de redação e de língua portuguesa aos seminaristas. Administrou alguns retiros para os formandos redentoristas. Também era professora de realidade brasileira para alguns padres estrangeiros que vieram para trabalhar nas dioceses no Brasil.
8.      MISSIONÁRIA – missionária redentorista leiga (MRL) por vários anos. Muito dedicada e levando a sério a sua participação nas Santas Missões Redentoristas, tanto com a Equipe Missionária como nas atividades desenvolvidas pelos leigos da Bahia.
9.      CATEQUISTA – no bairro do Pituaçu: Sítio Pombal e Centro. Com o material catequético adaptado, com os teatros e outas formas de evangelização a estilo de Santo Afonso. Nos anos 2016-2017 foi coordenadora da catequese.
10. EVANGELIZADORA – a exemplo das “Capelas Vespertinas” de Santo Afonso ela conduziu, por 10 anos, o Círculo Bíblico na comunidade Nossa Senhora das Candeias, em Pituaçu. Foi um estudo popular sobre os Evangelhos numa linguagem simples e compreensiva.
11. HOSPEDEIRA – abriu a sua casa de praia em Subaúma, não só as suas amigas e familiares, mas também para os redentoristas, incluindo retiros de leigos e do grupo de estudo da Bíblia. Pessoalmente, passei lá algumas semanas mais bonitas da minha vida na Bahia. Lá nasceram alguns dos livros sobre Mãe de Jesus.
12. HOSPEDADA – nas duas paróquias (e nos dois santuários) onde fui responsável como reitor e pároco: em Arraial d ´Ajuda e em Itabuna. Dona Carlota me deu a honra de me visitar e passar alguns dias conosco.
13. SERGIPANA – mais amplamente nordestina de duas terras. Estância em Sergipe (onde nasceu) e Salvador na Bahia (Gamboa, Pituaçu, Itapuã).
14. ATENCIOSA – Dona Carlota tão humana, educada, fina e gentil. Sempre lembrava das datas importantes e organizava na comunidade e na família dela os eventos significantes: Natal, aniversários, carnaval, São João e outros.
15. OBLATA – quando um certo coordenador deixava de coordenar os Missionários Redentoristas Leigos entregou ao Conselho da Vive província Redentorista da Bahia o pedido, por escrito, para conceder o título de “Oblata”[22] à Dona Carlota. Ao lado da sua irmã Maria Angélica e algumas outras missionários de Feira de Santana e de Senhor do Bonfim, ela é a que mais merece esse título.  
16. DEVOTA DE MARIA – desde a imagem no quarto onde nasceu (Nossa Senhora do Perpétuo Socorro); na catedral da diocese de Estância (Nossa Senhora de Guadalupe); igrejinha na vizinhança (Nossa Senhora do Amparo); devoção familiar (Nossa Senhora do Rosário); Pituaçu (Nossa Senhora das Candeias) e Redentoristas (Nossa Senhora do Perpétuo Socorro). 



Gratidão e reconhecimento,
Do seu aluno: Pe. José Grzywacz, CSsR

Episódios das Santas Missões Populares





[1] Significado de contextualizar. Mostrar as circunstâncias que estão ao redor de um fato, acontecimento, situação: o advogado contextualizou as provas. Entender ou interpretar algo tendo em conta as circunstâncias que o rodeiam, colocando num contexto.
[2] A pandemia do corona vírus Covid-19. O primeiro semestre de 2020, com o isolamento social durante várias semanas.
[3] FERREIRA, Silveira Carlota. Manuscrito “Pinceladas e borrões”, janeiro de 2015, Subaúma-BA.
[4] Augusto Branco (Porto Velho, 23 de maio de 1980), nome artístico de Nazareno Vieira de Souza é um poeta e escritor brasileiro. “Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve, e a vida é MUITO para ser insignificante” no livro “VIDA: Já perdoei erros quase imperdoáveis”.
[6] Nelson Rossi (Rio de Janeiro, 21 de setembro de 1927 - São Paulo, 26 de julho de 2014) foi um linguista brasileiro. Notabilizou-se especialmente por seus trabalhos sobre fonética e dialetologia do português brasileiro, tendo sido o responsável pelo primeiro atlas linguístico brasileiro (o Atlas Prévio dos Falares Baianos) e pela implementação do Projeto de Estudo da Norma Linguística Urbana Culta (NURC) na Bahia.
[7] Missionários Redentoristas Leigos.
[8] FERREIRA, Silveira Carlota. Afonso de Ligório. O mestre da santidade, Bom Jesus da Lapa, 2003.
[9] Isso é praticar, de verdade, a Teologia da Libertação: o método - ver, julgar, agir, avaliar e festejar.
[10] GRZYWACZ, Jozef. “Bem-Aventurada. Estudo popular sobre Maria a Mãe de Jesus”, Paulus, 2018.
[11] Um bom e santo conselho para os formandos redentoristas.
[12] NSPS – Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
 [14] “Leão é o rei em qualquer lugar” – Nelson Rossi.
[15] Dona Annete faleceu com 99 anos e dois meses de idade.
[16] Socio-proprietário de uma fábrica de tecidos “Piauitinga”.
[17] O Dia da Independência dos Estados Unidos (em inglês: Independence Day of The Fourth of July) é um feriado nacional que celebra o dia 4 de julho.
[18] Maria Angélica conhecida como Yaiá, a fundadora da comunidade Nossa Senhora das Candeias, em Pituaçu.
[19] Jeanete (Jane) da Silveira Ferreira faleceu de sepsemia, com dois anos de idade. O nome dela “passou” depois para a sua sobrinha “Tia Jane”.
[20] Do ponto de vista do conhecimento e da amizade do padre Józef Grzywacz: ex-promotor vocacional, ex-coordenador dos MRL e ex- missionário na Bahia.
[21] Luiz Garboggini Quaglia conhecido como “Garbó”, trabalhou na Petrobras.
[22] Oblato(a) – O título de Oblato Redentorista - é um diploma, assinado pelo Superior Geral dos Redentorista, em Roma, e por seu Secretário, através do qual, quem o recebe, passa a pertencer à Congregação e, através dessa pertença, passa a participar dos seus bens espirituais. Equivale a um título de cidadão, mas com muito mais significado, com muito mais responsabilidade.






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Diferentes numerações e tradução dos Salmos Muitas vezes, encontramos em nossas Bíblias e nos folhetos de Missa dois números diferentes em cima de um Salmo. Um número está entre parênteses. E, em geral, a diferença entre os dois números não passa de um. Por que acontece isso? Precisa ser dito, por primeiro, que os Salmos foram escritos, originalmente, na língua hebraica. Assim chegaram a fazer parte das Sagradas Escrituras do povo judeu. Posteriormente, por sua vez, também os cristãos acolheram essas tradições – e, com isso, os Salmos – como suas Sagradas Escrituras, lendo tais textos como primeira parte de sua Bíblia, ou seja, como Antigo Testamento. “Antigo” indica, neste caso, simplesmente aquilo que existiu por primeiro.   A numeração diferente dos Salmos,

Magnificat - Cântico de Maria (Lc 1,46-55)

Magnificat - Cântico de Maria (Lc 1,46-55) Atenção!!! Em breve o novo livro do padre José Grzywacz, CSsR Magnificat: cântico revolucionário de Maria, a mãe de Jesus. CURSO DE MARIOLOGIA -  Pe. Eugênio Antônio Bisinoto C. Ss. R. Organização: Pe. Jozef Grzywacz, CSsR No canto de Maria (Lc 1,46-55), Lucas traz belíssimo hino em que Maria , cheia de fé, louva a Deus em sua vida, na história da humanidade e no povo de Deus. -    O Magnificat é o canto de Maria na casa de Isabel e de Zacarias, em que ela, cheia do Espírito Santo, proclama as maravilhas de Deus em sua existência e no povo. 1.    O canto de Maria foi denominado de Magnificat, primeira palavra na versão desse hino, significando engrandecer ou exaltar.

A BÍBLIA MANDOU E PERMITE O USO DE IMAGENS DE SANTOS

A BÍBLIA MANDOU E PERMITE O USO DE IMAGENS DE SANTOS Sobre o uso de imagens no culto católico, leia sua Bíblia em: Êxodo 25, 18-22;31,1-6 (Deus manda fazer imagens de Anjos); Êxodo 31,1-6 (Deus abençoa o fazedor de imagens) Números 21, 7-9; (Deus manda fazer imagem de uma Serpente e quem olhasse para a imagem era curado) 1 Reis 6, 18. 23-35; I Reis 7, 18-51; (O Templo de Jerusalém era cheio de imagens e figuras de anjos, animais, flores e frutos) 1 Reis 8, 5-11; (Deus abençoa o templo de Jerusalém cheio de imagens e figuras) Números 7, 89; 10,33-35; (Os judeus veneravam a Arca que tinha imagens de Anjos e se ajoelhavam diante dela que tem imagens) Josué 3, 3-8; (procissão com a arca que tinha imagens) Juízes 18,31 (Josué se ajoelha diante da Arca com imagens para rezar) 1 Samuel 6, 3-11; (imagens são usadas)